Relembre os carros esportivos nacionais da década de 1980
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Continuando, na terceira parte do almanaque de esportivos nacionais dos anos 60 até os anos 2010, vamos para os modelos feitos entre 1980 e 1989.
Os carros esportivos nacionais sempre estiveram no coração dos brasileiros, desde a criação da indústria automotiva brasileira há cerca de 1960 anos.
Enquanto alguns marcaram sua época e são referências de bom desempenho, direção divertida e visual preparado, outros, de produção em menor escala (alguns até feitos à mão), pouco são lembrados hoje.
De qualquer forma, vamos falar um pouco sobre todos eles. Os anos 190 foram de grande valia para o mercado nacional, época que modelos marcantes como Fiat Uno e Volkswagen Gol apareciam, assim como esportivos de peso.
Não foram tantos lançamentos, cerca de dez, mas todos importantíssimos e cultuados até hoje. Naquela época, o país continuava “fechado” e restrito à tecnologia nacional, enquanto a série de governos militares terminava na metade da década.
É, talvez, junto com os anos 1990, a década mais cultuada quando falamos de cultura automotiva. Os foras-de-série continuavam em linha, mas não tão fortes como antes. Vamos ver um pouco sobre os principais esportivos da década de 1980:
Volkswagen Passat GTS/Pointer fez história entre os esportivos nacionais
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Na linha 1983, o médio Passat tinha boas novas: visual renovado (frente de quatro faróis quadrados), novo motor 1.6 com diversas melhorias (batizado de Torque) e a inédita versão GTS, que substituía a antiga TS.
O Passat GTS era o esportivo, mas com mesma mecânica das demais versões, e rendia cerca de 82 cv. Na transmissão, a pacata caixa manual 3+E, com a 4ª bem longa para diminuir o consumo rodoviário. Nem no visual o GTS brilhava, já que era bem discreto.
Fiat Spazio TR
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Representante da linha “premium” do 147, o Spazio foi a última grande novidade da Fiat antes da chegada do Uno. Teve como marcante sua versão esportiva TR (Touring Racing), que nada mais era que uma substituta do 147 Racing, mas com os adicionais do Spazio, que era mais luxuoso e refinado. O lançamento foi em 1983.
O motor era o mesmo Fiasa dos Fiat mais caros da época, com 1.3 litro, 72 cv e quase 11 mkgf de torque, mas estava acoplado a um inédito câmbio manual de 5 marchas. Foi o primeiro carro da marca a ganhar a marcha extra. Apesar de leve, era mais lento que muitos carros 1.0 atuais, mas compensava com o visual enfeitado, até com aerofólio.
Ford Escort XR3
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Primeiro Ford esportivo feito no Brasil, o Escort XR3 (eXperimental Research 3) apareceu no final de 1983 como linha 1984.
Ficou marcado por seu visual especial, com apêndices aerodinâmicos, rodas exclusivas (batizadas pelo grande público de “Trevo” ou “Botão”), faróis de milha e neblina e, tempos depois, a marcante carroceria coupé conversível.
Trazia sob o capô o CHT 1.6, sob o codinome HP (High Performance), que tinha novo comando de válvulas mais brabo e coletores de admissão e escape refeitos. Eram 83 cv de potência, bem aproveitados pelo câmbio de cinco marchas encurtado.
Foi um dos mais marcantes esportivos nacionais, principalmente por ser sonho de consumo dos jovens da época. De grande sucesso, durou mais de uma década.
Volkswagen Gol GT e GTS
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Lançada em 1984 com motor 1.8 do Santana (arrefecido a água), a GT ajudou e muito a popularizar o Gol no Brasil. Foi também um dos carros esportivos mais marcantes da época, com várias novidades: trazia frente emprestada do Voyage e Parati, deixando o hatch mais moderno e esportivo.
Haviam os faróis de milha redondos na frente da grade, emblemas, adesivos e detalhes exclusivos, e as populares rodas “Snowflake” 14”. Por dentro, bancos Recaro e volante especial.
Chamado por alguns de “Super Gol”, o Gol GT 1.8 podia ter até 99 cv oficialmente declarados (que, na verdade, eram cerca de 105 cv), ótimo número para um hatch pequeno da época. A mecânica tinha boas melhorias (freios, suspensão, direção etc.), enquanto o câmbio, inicialmente de quatro marchas e depois de cinco, tinha relações curtas.
A partir de 1987, mudou seu nome para “GTS” (Grand Turismo Sport), após passar por uma reestilização visual e ser melhorado em alguns pontos.
Fiat Uno SX engrossou a lista de esportivos nacionais
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Cerca de dois anos depois do Spazio TR, em meados de 1985, vinha seu substituto Uno SX (Sport eXperimental). De visual discreto, até mais que o do TR, tinha faróis de longo alcance, acabamentos plásticos nas caixas de roda e interior personalizado com instrumentos completos, além do volante de quatro raios.
Anos depois, a sigla SX, já com outro significado (Standart eXtra), foi parar em carros “comuns” como Marea, Brava e até Mille. Mas o Uno SX, aquele dos anos 80, tinha inspiração europeia, além do motor 1300 Fiasa também com potência na casa dos 72 cv e transmissão de cinco marchas. Tinha o plus do carburador de corpo duplo, inexistente no seu antecessor. Conseguia ser um pouco melhor que o Spazio no desempenho pela aerodinâmica mais aprimorada.
Chevrolet Monza S/R
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Em setembro de 1985 o sucesso Monza passava a ter uma versão esportiva para chamar de sua. Disponível apenas na carroceria hatch, de duas portas, o Monza S/R (Super Racing) conquistava, assim como seu rival Ford XR3, pelo visual invocado.
Tinha rodas exclusivas, pintura especial, faróis de neblina anexados ao parachoque, friso vermelho que rondava toda a carroceria, isso sem contar a cabine personalizada.
Seu motor 1.8, mesmo do restante da linha, tinha 106 cv, contra 99 cv dos demais Monza 1.8 “comuns”. Para esse ganho, tinha carburador de corpo duplo e algumas outras melhorias mecânicas.
O câmbio de cinco marchas era o mesmo das demais versões, mas com relações mais curtas. Os números da época indicavam cerca de 11 segundos no 0 a 100 km/h e velocidade máxima na casa dos 180 km/h. Após 1987 passou a vir com um 2.0 mais potente, saindo de linha em 1989.
Fiat Uno 1.5R
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Foi em 1987 quando a Fiat apresentou sua novidade na linha Uno: o esportivo 1.5R (de “Racing”), esse sim diferenciado. Foi ele, que tinha partes pintadas em preto pela carroceria, rodas exclusivas, faixas decorativas, além de spoiler traseiro, interior com volante esportivo, bancos especiais, os icônicos cintos de segurança vermelhos e mais instrumentos, o responsável por estrear o motor 1.5 Fiasa no Brasil.
Tinha bons 86 cv e 13 mkgf de torque, graças ainda ao carburador Weber 460 de corpo duplo. Em conjunto com a transmissão manual de 5 marchas encurtada, o 1.5 superava substancialmente o SX em desempenho (era, por exemplo, cinco segundos mais rápido na prova de 0 a 100 km/h), mostrando números interessantes para um esportivo da época. Saiu de linha na virada da década de 1980 para 1990.
Volkswagen Gol GTI
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Esse, talvez, o maior ícone dos anos 80. Foi lançado pela VW entre 1988 e 1989 com uma enorme inovação mecânica: foi o primeiro carro nacional com injeção eletrônica de combustível, substituindo o antigo carburador e, de quebra, tinha ainda ignição eletrônica. Era o suprassumo da linha Gol, ficando acima do GTS 1.8, por isso tinha preço equivalente a quase R$250 mil atuais. GTI: “Grand Turismo Injection”, referência a injeção eletrônica.
Quase tudo nele era especial, desde a pintura (memorável Azul Mônaco), design (detalhes em prata na carroceria, kit aerodinâmico, faróis de longo alcance, aerofólio traseiro, rodas e outros), e, claro, desempenho: acelerava como esportivos atuais, levando menos de 9 segundos na prova de 0 a 100 km/h. Tinha 120 cv e mais de 19 mkgf de torque extraídos do 2.0 AP! Foi outro carro esporte que durou por anos, perdurando inclusive pelas duas gerações seguintes do Gol.
Chevrolet Kadett GS
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Esse chegou por último: 1989, linha 1990. GS, sigla de Gran Sport, era a versão esportiva da novidade Kadett, que era o grande lançamento da Chevrolet brasileira em bons anos. E, lembrando, era arquirrival do VW Gol GTI.
Para chegar marcando presença, já foi apresentado com a versão esportiva na linha: era a única a oferecer o motor 2.0 do Monza, mas ainda carburado, com cerca de 110 cv. Havia ainda um curto câmbio de cinco marchas.
Apesar do visual mais moderno e arredondado, garantindo o melhor coeficiente de arrasto da categoria, o Kadett GS 2.0 pesava mais e tinha menos torque que o GTI, por isso era mais lento. Ainda assim, cativava pelas linhas agressivas, mas ao mesmo tempo discretas, sem abusar dos enfeites.
Teve um sucessor, o GSI 2.0, a partir do segundo semestre de 1991, já equipado com injeção e ignição eletrônica, como no VW. O Kadett GSI durou até 1994, quando saiu de linha com 121 cv.
Fonte: AutoPapo
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