Renault Duster 1.6 CVT é boa opção entre SUVs compactos
Não foi só a Nissan que se beneficiou com o lançamento do Kicks. A Renault viu uma boa oportunidade de equipar alguns modelos com a transmissão CVT. Após o Captur, chegou a vez do Duster aposentar o pedal da embreagem nas versões de entrada.
A mudança veio em boa hora para o modelo lançado em 2011. Até este ano, quem procurava um Duster automático precisava se contentar com o velho câmbio de quatro marchas. Para piorar, a caixa só equipa as versões com motor 2.0 – todas as opções 1.6 tinham câmbio manual.
Futuramente, Sandero e Logan também ganharão a transmissão CVT, juntamente com a atualização visual prevista para 2018.
Duas versões de acabamento podem ser combinadas à transmissão CVT. O Duster Expression custa R$ 75.490 e traz controles de estabilidade e tração, banco do motorista com regulagem de altura, vidros elétricos nas quatro portas, coluna de direção com regulagem de altura e travas elétricas.
A versão Dynamique (R$ 81.490) acrescenta piloto automático, câmera de ré, volante revestido em couro, retrovisores elétricos, computador de bordo, central multimídia com tela de 7 polegadas, GPS e comandos de som atrás do volante. Foi esta a versão avaliada por QUATRO RODAS.
Mais conforto, menos agilidade
O motor é o 1.6 16V SCe (120/118 cv) do Captur 1.6 CVT. Diferente da versão com caixa manual, o Duster perde fôlego em baixas rotações e precisa de algum tempo para embalar nas retomadas. A saída é recorrer às trocas sequenciais, realizadas por toques na alavanca para frente e para trás.
Uma ausência sentida é o sistema start-stop presente em Logan e Sandero. Há opção de modo Eco, mas não o ligue se não for preciso poupar combustível: o Duster fica bem mais lento nas retomadas.
Em contrapartida, o Duster tem um baixo nível de ruído nas acelerações para um veículo com câmbio CVT, mesmo sem um isolamento acústico satisfatório.
As versões manual e CVT travam um duelo bem equilibrado na pista de testes. O Duster manual leva menos tempo para ir de 0 a 100 km/h e freia melhor, mas o câmbio CVT faz o SUV ter retomadas mais rápidas.
As médias de consumo também superam o Duster 1.6 manual, com 10,5 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada, contra 9,4 km/l e 11,7 km/l, respectivamente.
Frente ao Captur, o Duster empata em praticamente todas as provas, com uma leve vantagem em desempenho e nível de ruído para o SUV derivado do Sandero. Nada surpreendente lembrando que ambos pesam quase a mesma coisa – 1.286 kg do Captur e 1240 kg do Duster.
Linhas envelhecidas e espaço de sobra
O design não nega a idade do Duster. O estilo quadradão do SUV já está datado, mas ainda tem admiradores. A cabine poderia ser mais bem acabada e alguns comandos ficam mal localizados.
Os botões do piloto automático e do modo Eco ficam em posição muito baixa, à frente do porta-copos, dificultando a visualização dos comandos.
A falta de iluminação no gabarito das marchas na manopla do câmbio é uma ausência muito sentida em locais pouco iluminados.
Sua principal virtude é o espaço interno. Nenhum concorrente acomoda cinco passageiros com o conforto do Duster – o maior SUV compacto da categoria, com 4,33 metros de comprimento e distância entre-eixos de 2,67 metros.
Bagagens também viajam folgadas no porta-malas de 475 litros – mais amplo do que todos os rivais.
Posição de dirigir é elevada, como gostam os donos de SUVs (Rodolfo Buhrer/Divulgação)
Três adultos viajam com relativo conforto no banco de trás (Rodolfo Buhrer)
Bom negócio?
Apostando na relação custo/benefício, o Duster ainda se sustenta entre os modelos mais vendidos do segmento. Até porque faltam carros nesta faixa de preço com o mesmo conteúdo e transmissão automática ou CVT – apenas o JAC T5 CVT (R$ 72.990) é mais barato do que o Renault. O Lifan X60 CVT custa R$ 77.990.
Entre os modelos mais vendidos, a opção mais próxima é o recém-reestilizado Ford EcoSport SE 1.5 AT (R$ 83.990), que sai de fábrica com controles de estabilidade e tração, assistência de partida em rampas, central multimídia SYNC 3 e sete airbags, contra apenas dois do Duster.
Se você gosta de um design mais rústico, não liga para um acabamento mais simples e precisa de espaço interno, o Duster surge como uma interessante opção de SUV compacto na faixa dos R$ 80.000.
Teste de pista (com gasolina) – Renault Duster Dynamique CVT
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,1 s
Aceleração de 0 a 1.000 (segundos/km/h): 35,8 s/144
Velocidade máxima: n/d
Retomada de 40 a 80 km/h (em D): 5,8 s
Retomada de 60 a 100 km/h (em D): 8 s
Retomada de 80 a 120 km/h (em D): 11 s
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0: 16 / 27,6 / 64,4 m
Consumo urbano: 10,5 km/l
Consumo rodoviário: 12,8 km/l
Ruído PM/1° em máx.: 39,7/72,5 dB
Ruído a 80 km/h/120 km/h: 63,6/70,8 dB
Ficha técnica
Preço: R$ 81.490
Motor: flex, diant., 4 cil., 16V, 1.597 cm3, 120/118 cv a 5.500 rpm, 16,2 mkgf a 4.000 rpm
Câmbio: automático CVT, 6 marchas, tração dianteira
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: discos ventilados (diant.) e sólidos (tras.)
Direção: elétrica
Pneus: 215/65 R16
Dimensões: comprimento, 432,9 cm; altura, 168,3 cm; largura, 182,2 cm; entre-eixos, 267,4 cm; peso, 1.240 kg; porta-malas, 475 l; tanque, 50 litros; peso/potência, 10,3/10,5 kg/cv; peso/torque, 76,5 kg/mkgf
Garantia/assistência 24h: 3 anos/1 ano